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Cientistas identificam recife de coral em área improvável do litoral paulista

Publicado: Quinta, 14 de Março de 2019, 15h29

A Ilha da Queimada Grande, conhecida como "Ilha das cobras" e à 35 km da costa paulista, ganha mais uma característica peculiar, além da de abrigar uma espécie única de serpente venenosa (jararaca-ilhoa). Um estudo sobre biodiversidade marinha nos arredores dos costões locais revelou um recife de coral a 12 metros de profundidade no lado voltado para o continente, o que representa o primeiro registro desse tipo de ecossistema em área de águas mais frias do Atlântico. A descoberta ocorreu em meados de 2015 e foi divulgada em outubro do ano passado por meio de um artigo inicial na edição eletrônica da revista Bulletin of Marine Science.

O professor na área de zoologia de vertebrados da UFABC Fernando Zaniolo Gibran integra a equipe de biólogos que desenvolve o estudo na ilha. Ele define a descoberta como incrível e inusitada, já que os recifes de corais (ambientes de substrato duro de formação biológica e não rochosa) são característicos de latitudes tropicais. “No Brasil, o Banco dos Abrolhos na Bahia era o limite sul de distribuição dos recifes de corais no Atlântico, até encontrarmos o da Queimada Grande em região subtropical — mil quilômetros mais ao sul do sistema baiano com águas em média 10 graus mais frias”.

Segundo Fernando Gibran, outro fato notável registrado na descoberta foi a presença de um único tipo de coral construtor (Madracis decactis), o que torna essa estrutura incomum ante os demais recifes conhecidos pelo mundo, majoritariamente formados por várias espécies de corais construtores. O pesquisador ressalta que, apesar de pequeno (75 mil m2), o sistema de recife da Ilha da Queimada Grande associa-se a um ambiente de costão e a outro de banco de rodolitos (nódulos de algas calcáreas), o que leva à manutenção de uma relevante e heterogênea biodiversidade marinha local — além das espécies endêmicas terrestres, como as notórias jararacas.

Borda recifal em Queimada Grande

Para ele, foi surpreendente descobrir um ecossistema novo e imprevisto na região sudeste e sul do Brasil, em águas rasas e em lugar bastante conhecido por pescadores, mergulhadores e caçadores submarinos. “Trata-se de um lugar que fica a cerca de uma a duas horas de lancha do continente, no Estado mais rico e com maior número de instituições tradicionais de pesquisa do país” — ressalta Fernando. O professor afirma que os cientistas pretendem trabalhar com outros setores envolvidos na administração da área para definir um plano de manejo que proteja esse “oásis” oceânico sem fechar o acesso ao local.

Laboratório marinho

O trabalho desenvolvido pelos cientistas ocorre dentro das áreas de ciências biológicas e oceanografia, especialmente com pesquisas sobre estrutura de comunidades ecológicas recifais, estudo sobre peixes, áreas marinhas protegidas e conservação da biodiversidade. O professor Fernando conta que após as expedições de mergulho autônomo SCUBA para pesquisa em campo, são realizadas análises laboratoriais, estatística dos dados coletados, redação dos artigos e treinamento de alunos de graduação e pós-graduação. A próxima investigação relacionada com o recife recém-descoberto abordará a datação, crescimento e aspectos históricos, pois, segundo o cientista, o local é um testemunho dos últimos cinco mil anos de história da subida do nível do mar no litoral brasileiro.

Desde 2012, Fernando Gibran desenvolve estudos no litoral paulista em parceria com o professor Guilherme Henrique Pereira-Filho (Unifesp - Santos) para levantamento de dados sobre os peixes e demais organismos associados com costões rochosos, lajes e ilhas. Além de cientistas da UFABC e Unifesp, esse trabalho científico conta com a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Instituto Laje Viva. Gibran lembra que a expedição que proporcionou o encontro do recife da Queimada Grande em 2015 foi liderada pelo professor Fabio Motta da Unifesp - Santos, cujo objetivo era avaliar a vida marinha das ilhas costeiras do litoral paulista.

Fotos: Leo Francini

Assessoria de Comunicação e Imprensa

 

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