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Por que ainda precisamos do dia das mulheres?

Publicado: Terça, 28 de Fevereiro de 2023, 16h07

A cada ano, a data de 08 de março vai ganhando novos contornos no debate público. Algumas reações como: “não queremos bombom, queremos respeito”, ou “todo dia é dia das mulheres”, têm se tornado mais frequentes, atreladas à perspectiva de que esta data evoca uma atmosfera de luta e não propriamente de celebração.

Celebrar o quê, afinal? Se os salários continuam desiguais, se a violência de gênero segue matando entre três e quatro mulheres por dia no Brasil, se as mulheres trans sequer são incluídas em muitas estatísticas que consideram o universo feminino, se continua sendo esperado que as mulheres sejam mais mães que os homens sejam pais, se poucas mulheres ocupam as lideranças... Avançamos ainda a passos lentos.

Nada contra bombons ou flores – adoramos! –, ou mesmo recadinhos que lembram o quanto as mulheres somos grandes em muitos aspectos. A verdade é que tais ações no dia das mulheres soam como esmola, uma ração anual que denota os bons modos coletivos que se tem com as “lindas mulheres”.

A luta das mulheres é a de toda a sociedade por relações mais equânimes e respeitosas. Homens conscientes não estão “ajudando” as mulheres, estão construindo uma sociedade melhor, inclusive para eles. Faz parte da luta coletiva desconstruir os binarismos que associam os homens a noções como racionalidade, objetividade, força, firmeza, mente, e as mulheres ao campo das emoções, subjetividade, intuição, beleza e corpo... Sim, queremos que todes participem da luta. No entanto, não é preciso que nos cedam a vez, nem a voz. O palanque é nosso, a rua é nossa, a universidade é nossa.

No contexto universitário, tal luta torna-se ainda mais urgente, na medida em que a educação é um espaço de transgressão e de pioneirismo. As redes solidárias na comunidade universitária precisam ser mais e mais fortalecidas em esforços conjuntos para uma reeducação das relações. Falar de gênero é falar de relações, de quem tem mais privilégios, de quem ocupa mais lugares de poder, de que grupos frequentemente atuam de determinadas maneiras...

As redes podem proteger e ao mesmo tempo emancipar, por isso estaremos construindo uma história diferente a cada projeto, cada roda de conversa, cada exposição, cada evento, cada fala e ato de docentes, técnicos/as/es, discentes que se modificam para melhor incluir, respeitar, resgatar lugares deslegitimados e oferecer exemplos, engajando-se com mais consciência no seu servir público. Cada pessoa que conseguimos cativar dentro e fora da universidade para um mundo mais igualitário representa um passo sólido na luta. E assim, nos reeducamos coletivamente na UFABC e em sociedade.

Seguimos avançando em contratações de mulheres e de pesquisadoras na área de gênero, em projetos como o Mulheres na Ciência, em iniciativas como a Semana das Mulheres da UFABC, com as cotas para pessoas trans, no fortalecimento do Núcleo de Estudos de Gênero Esperança Garcia. Obrigada, mulheres, por estes tecidos e nexos sociais que transbordam compartilhamento, apoio, solidariedade. Seguimos ampliando nossas redes.

E aí, quando todos os dias forem realmente dias das mulheres, porque serão dias de todos os seres humanos, talvez não precisemos mais do 08 de março, e nossas companheiras de luta não terão morrido em vão.

 

Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Políticas Afirmativas

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