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Artigos de docentes serviram de fonte para questões do Enem (atualizado*)

Publicado: Terça, 30 de Novembro de 2021, 17h19

A prova de Ciências Humanas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 21 de novembro (prova azul) contou com questões baseadas em trechos de trabalhos de duas professoras da Universidade. O item 55 citou um texto de Julia Bertino Moreira de título "Refugiados no Brasil: reflexões acerca do processo de integração local". O conteúdo aborda o processo de integração de pessoas que chegam ao país nessa categoria de deslocamento humano e foi publicado há sete anos na Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana (REMHU).

A questão 56 incluiu passagem da tese de doutorado de Mariana Sombrio, apresentada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 2014. Com o título "Em busca pelo campo – Mulheres em expedições científicas no Brasil em meados do século XX", o texto trata da participação de mulheres em atividades científicas em uma perspectiva histórica.

Com adaptações, parte do artigo da professora Julia apareceu da seguinte forma:

55 - "A categoria de refugiado carrega em si as noções de transitoriedade, provisoriedade e temporalidade. Os refugiados situam-se entre o pais de origem e o país de destino. Ao transitarem entre os dois universos, ocupam posição marginal, tanto em termos identitários — assentada na falta de pertencimento pleno enquanto membros da comunidade receptora e nos vínculos introjetados por códigos partilhados com a comunidade de origem — quanto em termos jurídicos, ao deixarem de exercitar, ao menos em caráter temporário, o status de cidadãos no pais de origem e portar o status de refugiados no pais receptor."

A condição de transitoriedade dos refugiados no Brasil, conforme abordada no texto, é provocada pela associação entre

A - ascensão social e burocracia estatal.

B - miscigenação étnica e limites fronteiriços.

C - desqualificação profissional e ação policial.

D - instabilidade financeira e crises econômicas.

E - desenraizamento cultural e insegurança legal.

O conteúdo da tese da professora Mariana foi incluído com a redação abaixo:

56 - "Mulheres naturalistas raramente figuraram na corrida por conhecer terras exóticas. No século XIX, mulheres como Lady Charlotte Canning eventualmente coletavam espécimes botânicos, mas quase sempre no papel de esposas coloniais, viajando para locais onde seus maridos as levavam e não em busca de seus próprios projetos científicos."

No contexto do século XIX, a relação das mulheres com o campo científico, descrita no texto, é representativa da

A - afirmação da igualdade de gênero.

B - transformação dos espaços do lazer.

C - superação do pensamento patriarcal.

D - incorporação das estratificações sociais.

E - substituição das atividades domésticas."

Respostas no final deste texto.

Acesso a pesquisas

Para a professora Julia, o aproveitamento de informações de periódicos científicos em avaliações de grande escala representa oportunidade importante para que a sociedade conheça pesquisas acadêmicas, especialmente as realizadas na UFABC. Ela destaca também a relevância da inclusão na prova da temática do refúgio e das pessoas que vivenciam esse processo no Brasil, sobretudo no contexto atual de tantos ataques ao conteúdo do Enem. "Trata-se de assunto que ganha relevo frente à sociedade de forma geral, não só pela cobertura da mídia, pela produção da academia e atuação de instituições envolvidas na acolhida de migrantes".

Julia afirma que as pessoas em situação de refúgio no Brasil ainda enfrentam inúmeros desafios na questão identitária/jurídica, especialmente no que diz respeito ao acesso à categoria de refugiado e a políticas públicas de moradia, saúde, educação, dentre outras. Ela lembra que, nesta última área, a UFABC avançou em inclusão, ao estabelecer em 2017 reserva de vagas para refugiados e solicitantes de refúgio em seus cursos interdisciplinares.

Segunda a pesquisadora, difundir o tema das migrações forçadas por meio do conhecimento produzido e garantir a pessoas nessa situação o acesso a direitos são passos essenciais. "Essas iniciativas coíbem a invisibilidade e ajudam a combater a discriminação e a xenofobia contra os refugiados que chegam ao Brasil, com a esperança de reconstruir suas vidas e igualmente ter a chance de contribuir com o país."

A professora Mariana sombrio se diz muito honrada com a menção de seu estudo no Enem. "Fico especialmente feliz pela citação ocorrer em exame para estudantes de ensino médio, pois, de alguma forma, representa acesso a conhecimento que ultrapassa as fronteiras da academia".

Para ela, a inclusão de questões relacionadas com estudos de gênero é também algo a ser destacado, sobretudo no atual contexto de questionamentos ao Enem, quando inclui temas que se relacionam com direitos humanos. A pesquisadora afirma que a presença feminina nas ciências tem ganhado cada vez mais reconhecimento e visibilidade nas últimas décadas pela maior presença de mulheres em espaços dentro de instituições e disciplinas.

Ela pondera que, apesar do avanço, ambientes profissionais e educacionais ainda incorporam reflexos de divisões sociais excludentes. Como exemplos dessa condição, Mariana cita a concentração feminina em áreas específicas – geralmente menos remuneradas no mercado de trabalho – e a dificuldade de acesso aos níveis mais elevados da carreira. "Um dos efeitos negativos mais profundos da divisão desigual de trabalho dentro do ambiente doméstico, que impacta em grande medida o desenvolvimento das carreiras das mulheres cientistas" – constata a professora.

Íntegra dos artigos: professora Julia Bertino Moreira e professora Mariana sombrio.

Alternativas corretas: 55 "E" e 56 "D".

*Matéria reescrita em 6/12 para acréscimo de informações referentes à professora Mariana Sombrio. A versão original abordava exclusivamente o uso do artigo da professora Julia Bertino.


Assessoria de Comunicação e Imprensa

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