Ir direto para menu de acessibilidade.

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o ufabc.edu.br, você concorda com a política de monitoramento de cookies.

Para ter mais informações como isso é feito, acesse a Norma de uso de cookies nos Portais da UFABC.

ACEITAR
Página inicial > Notícias > Representando a UFABC e a Andifes, Reitor Dácio Matheus participa de evento internacional focado na discussão sobre caminhos para a educação ambiental no Brasil
Início do conteúdo da página

Representando a UFABC e a Andifes, Reitor Dácio Matheus participa de evento internacional focado na discussão sobre caminhos para a educação ambiental no Brasil

Publicado: Terça, 20 de Dezembro de 2022, 15h54

Evento integrante do Projeto "Diálogos Futuro Sustentável" discutiu como introduzir temas de mudanças climáticas e preservação do ambiente nas escolas e universidades do país, com uma abordagem interdisciplinar e que também promova inclusão e cidadania.

 

A educação é essencial para o pleno exercício da cidadania, o que torna a introdução e abordagem de assuntos ligados às mudanças climáticas e de preservação do meio ambiente no ensino em todos os níveis questões estratégicas para o Brasil nestes tempos de emergência planetária. Só com a educação ambiental os brasileiros poderão decidir com consciência, sabedoria e soberania os rumos do país na transição para o futuro de uma economia verde e sustentável. Caminho que passa por uma visão interdisciplinar do tema, promovendo a inclusão e com a participação da sociedade civil na sua elaboração.

Estes foram o diagnóstico e as recomendações deixados pela 23ª edição do “Diálogos Futuro Sustentável”, projeto coordenado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) em parceria com a Embaixada da Alemanha no Brasil, Consulado Geral da República Federal da Alemanha em São Paulo, e apoio do Instituto Unibanco, em seminário realizado na manhã desta quarta-feira na sede do Instituto Unibanco, em São Paulo. O encontro teve a presença de Jennifer Morgan, representante especial para Política Climática Internacional do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha; Ilka Hirt, subsecretária de Assuntos Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Segurança Nuclear e Proteção do Consumidor da Alemanha; Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco; Dácio Roberto Matheus, vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC); e de Telmiston Pereira Carvalho Filho Guajajara, diretor de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE) e indígena, com mediação de Marina Marçal, coordenadora do Portfólio de Política Climática do iCS.

representando a ufabc e a andifes reitor dacio matheus participa de evento internacional focado na discussao educacao ambiental no brasil thumb foto

Com uma breve apresentação, Ana Toni, diretora executiva do iCS, e Martina Hackelberg, cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, deram as boas-vindas a todos os presentes. Primeira a falar, Hackelberg destacou como o projeto estimula a troca de ideias entre atores brasileiros e alemães sobre desenvolvimento sustentável, em uma amostra da importância da parceria entre governos e sociedade civil no enfrentamento da crise climática. “Para o governo alemão, a emergência climática e a transição para uma economia verde são preocupações essenciais”, disse, destacando também a importância do entendimento e do apoio da sociedade civil.

Ana Toni, por sua vez, aproveitou para ressaltar como a sociedade civil brasileira acabou tendo que assumir o protagonismo nas discussões climáticas nos últimos quatro anos diante do negacionismo e a pouca atenção dada ao tema pelo governo nos últimos quatro anos.

“Nestes últimos quatro anos foi a sociedade civil brasileira que foi a verdadeira diplomata do clima, que representou o Brasil seja aqui, com estas parcerias, seja nas COPs (sigla em inglês para as reuniões anuais da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima), que mostrou para o mundo que a sociedade brasileira, o setor privado brasileiro, entes subnacionais estavam querendo fazer parte do debate climático”, contou.

Abrindo os debates, Jennifer Morgan, representante especial para Política Climática Internacional do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, lembrou a urgência no combate às mudanças climáticas, principalmente com os jovens pedindo pressa na implantação de medidas e políticas que ajudem a enfrentar o problema. Situação que reforça a importância da educação ambiental no Brasil, para que não seja só um ator, mas também líder nas discussões globais.

“Só alcançamos globalmente o que conseguimos fazer localmente, e é aí que a educação e o empoderamento entram definitivamente”, considerou.

A seguir, Ilka Hirt, subsecretária de Assuntos Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Segurança Nuclear e Proteção do Consumidor da Alemanha, falou sobre os muitos aspectos da política climática alemã, que vão da proteção do ambiente à restauração de florestas e promoção da economia circular, e seu potencial de projetos conjuntos com o Brasil para depois destacar a importância da sociedade civil neste processo, especialmente na área da educação ambiental.

“O sistema educacional alemão encoraja muito a controvérsia e o debate. Discutimos muito nas salas de aula alemãs, podemos questionar o que os professores estão dizendo e propor nossos próprios temas, e estou muito curiosa para saber como é o ambiente escolar no Brasil”, concluiu.

Dando continuidade às discussões, Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco, também ressaltou a ligação entre educação ambiental e empoderamento como forma de garantir não só os direitos fundamentais dos indivíduos como a soberania do país nas discussões climáticas. Segundo Henriques, no Brasil esta transformação da educação passa por três eixos. O primeiro é o reconhecimento das profundas desigualdades no país, principalmente na Amazônia, onde o acesso ao ensino em todos níveis, da creche e fundamental ao médio e superior, é menor e mais precário que em outras regiões. “Para além da junção óbvia com a cidadania, a garantia de direitos e o empoderamento, a educação também deve projetar uma sociedade que recusa e rechaça o negacionismo”, avaliou. Por fim, o pretendido “salto” na educação brasileira deve ser articulado com uma trajetória formativa que atenda às necessidades da transição para uma economia verde e sustentável, a uma nova configuração do mundo do trabalho que está distante do atual modelo educacional brasileiro.

“Devemos estar atentos à formação de capital humano para este futuro”, resumiu.

Neste sentido, Dácio Matheus, vice-presidente da Andifes, reitor da UFABC e palestrante seguinte, destacou a importância de políticas de inclusão. Segundo ele, hoje cerca de 60% dos alunos das universidades públicas brasileiras são oriundos de políticas afirmativas. Mas só dar acesso não basta. Estes alunos também precisam de permanência e assistência estudantil que lhes permitam concluir seus cursos.

“O que não podemos mais é desperdiçar os cérebros e talentos riquíssimos que temos à medida que não damos a estas populações acesso ao ensino superior e lhes dar a capacitação para enfrentar e participar efetivamente da solução dos problemas que enfrentamos”, considerou Dácio Matheus.

Outra estratégia importante apontada por Matheus é a interdisciplinaridade, dando como exemplo projeto iniciado na UFABC há 16 anos. Segundo ele, não basta formar um engenheiro se ele não tem nenhuma sensibilidade social, política ou econômica, ou um médico que possa tratar um atropelado, mas não respeite um sinal vermelho.

“Temos que formar pessoas que antes de serem bons profissionais sejam um cidadão”, defendeu. “E aí entra a agenda climática. Temos que formar filósofos e cientistas sociais que entendam os limites da termodinâmica, dos limites do planeta, das leis da física, ao mesmo tempo que temos que formar engenheiros e engenheiras que entendam e saibam que nossas tecnologias geram impactos num planeta que com sete bilhões de seres humanos já está infelizmente há algumas décadas mostrando que está no seu limite”.

Tel Guajajara trouxe para debate a temática da inclusão quanto a interdisciplinaridade. Estudante de Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA) e diretor de Cultura da UNE, o indígena vindo de uma tribo da Amazônia maranhense cobrou mais investimentos no sistema educacional brasileiro como um todo, dado que a educação é um processo continuado, e não pontual. Assim, acredita, o Brasil será capaz de capacitar sua população para enfrentar o desafio das mudanças climáticas nos mais diversos níveis. “Educar sobre meio ambiente não é desenhar árvore na escola”, criticou.

“Por isso o debate deve ser permanente. Temos pouco investimento em ciência. Mas também não há sociedade evoluída só com ciências humanas ou exatas. Por isso precisamos de interdisciplinaridade, para buscar as soluções e saídas que tanto precisamos”.

Assista a íntegra em:


Texto adaptado pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI UFABC), com informações do Instituto Clima e Sociedade (iCS).

Registrado em: Notícias
Fim do conteúdo da página