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Pesquisadoras brasileiras criam papel vegetal impermeável, antibacteriano e que pode substituir plástico

Publicado: Sexta, 24 de Outubro de 2025, 15h30

Material desenvolvido pelo CNPEM, Unicamp e UFABC une nanocelulose e látex natural para criar papel resistente, reciclável e com barreira contra água, oxigênio e bactérias. 


Um grupo de pesquisadoras brasileiras desenvolveu um papel feito a partir de fibras vegetais e látex natural capaz de substituir o plástico em embalagens. O material, segundo o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), combina resistência mecânica, impermeabilidade e ação antibacteriana, sem deixar de ser biodegradável e reciclável.

O estudo foi publicado no periódico "Chemical Engineering Journal" por pesquisadores do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano/CNPEM), em parceria com a Unicamp e a UFABC.


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Cientistas do Laboratório Nacional de Nanotecnologia do CNPEM, em parceria com a Unicamp e a UFABC, desenvolveram um papel biodegradável de origem vegetal que reúne alta resistência, barreira contra líquidos, oxigênio e ação antibacteriana. Foto: Divulgação/CNPEM.


O novo material é produzido a partir da interação eletrostática entre nanocelulose catiônica, extraída do bagaço da cana-de-açúcar, e látex natural da seringueira. As cargas opostas dessas substâncias se atraem, formando camadas alternadas que revestem o papel com firmeza e estabilidade.

Cada componente desempenha um papel complementar: a nanocelulose cria uma barreira densa contra gases e óleos, enquanto o látex confere resistência à água, explica Juliana Bernardes, pesquisadora do LNNano e do Programa de Pós-Graduação em Nanociências e Materiais Avançados da UFABC, e uma das responsáveis pelo estudo. 


Desempenho superior aos revestimentos sintéticos 

Nos testes laboratoriais, o papel com cinco camadas reduziu em 20 vezes a passagem de vapor de água e em 4 mil vezes a permeabilidade ao oxigênio. Também atingiu o nível máximo de resistência a óleos e gorduras e eliminou mais de 99% das células de Escherichia coli após contato direto.

Os resultados mostram que a combinação entre nanocelulose e látex natural pode superar revestimentos convencionais feitos com polímeros sintéticos, sem uso de compostos fluorados (PFAS), frequentemente associados a riscos ambientais e à contaminação de solos e águas.

Os pesquisadores avaliam que o material tem potencial para substituir embalagens, sobretudo nos ramos alimentício e cosmético. "Nosso objetivo foi criar uma alternativa viável para reduzir a dependência de plásticos descartáveis", explica Juliana Bernardes. 


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Cientistas do Laboratório Nacional de Nanotecnologia do CNPEM, em parceria com a Unicamp e a UFABC, desenvolveram um papel biodegradável de origem vegetal que reúne alta resistência, barreira contra líquidos, oxigênio e ação antibacteriana. Foto: Divulgação/CNPEM.


Reaproveitamento e escala industrial 

Diferentemente de outros papéis impermeáveis, o novo material mantém sua reciclabilidade. Ele pode ser reaproveitado no ciclo produtivo sem perda de propriedades, segundo o CNPEM.

Para a etapa seguinte, o desafio será ampliar a produção. “Para viabilizar essa tecnologia em escala industrial, é fundamental estabelecer parcerias com empresas interessadas. (...) O custo projetado mostrou-se competitivo em relação às resinas poliméricas tradicionalmente empregadas”, afirma Juliana Bernardes.


Pesquisa colaborativa e patente registrada 

O trabalho reuniu pesquisadores das áreas de química, engenharia química e biologia, responsáveis pela formulação das camadas, pelo processo de deposição e pelos testes antimicrobianos. 

O projeto recebeu financiamento da Fapesp e do CNPq, e já resultou em pedido de patente no Brasil.

"Para o desenvolvimento deste projeto, foi composta uma equipe multidisciplinar, reunindo especialistas em química, engenharia química e biologia. (...) A integração dessas áreas do conhecimento foi determinante para viabilizar a transição de uma proposta laboratorial para um material com potencial de aplicação industrial", explica a pesquisadora. 

Fonte: G1 ∙ Ciência

Registrado em: Destaques
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